
"OS TRAPALHÕES" |
Redação: Augusto César Vannuci, Carlos Alberto da Nóbrega, Adriano Stuart e Mário Wilson Direção: Augusto César Vannucci, Adriano Studart, Osvaldo Loureiro, Gracindo Junior, Paulo Araújo, Walter Lacet, Wilton Franco, José Lavigne, Fernando Gueiros, Maurício Sherman, Paulo Aragão Neto Período de exibição: 13/03/1977-27/08/1995 Horário: aos domingos, 19h |
- Enorme sucesso de audiência da TV Tupi, o quarteto cômico Os Trapalhões – Renato Aragão (Didi), Manfried Santana (Dedé), Antônio Carlos Bernardes Gomes (Mussum) e Mauro Gonçalves (Zacarias) – foi contratado pela TV Globo no início de 1977. A programação da Globo para aquele ano só estrearia em março, mas, para marcar a presença dos humoristas no elenco da emissora, dois especiais foram exibidos em janeiro e fevereiro. - Os especiais – exibidos na Sexta super, faixa de programação noturna que, por conta do horário, era orientada para adultos – apresentavam vários quadros curtos e algumas cenas externas marcados pelo humor típico do grupo, que reunia no mesmo esquete doses de pastelão, nonsense, gags visuais e improvisos. - Em março, estrearia Os Trapalhões, programa semanal que permaneceu no ar por quase 20 anos. - Em março de 1977, Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias foram contratados pela TV Globo para levar para a emissora Os Trapalhões, programa de grande sucesso da TV Tupi. Nos 18 anos seguintes, o grupo se afirmaria como um ponto de referência no humor nacional e conquistaria lugar de honra no panteão da televisão brasileira. - A história dos Trapalhões começou muitos anos antes. Em 1966, Wilton Franco, então um dos diretores da TV Excelsior, teve a idéia de reunir no humorístico Adoráveis trapalhões quatro artistas que aparentemente pouco tinham em comum: Wanderley Cardoso – cantor e galã da Jovem Guarda –, Ted Boy Marino – astro dos programas de telecatch –, Ivon Cury – cantor e ator nas chanchadas da Atlântida – e Renato Aragão, comediante de Sobral, no Ceará, que já começava a chamar a atenção pelos seus trabalhos no cinema e nas emissoras de TV do Rio de Janeiro desde 1964. Didi - Renato Aragão era o menos famoso do elenco de Adoráveis trapalhões, mas logo se tornou um dos destaques do programa. Fazia parte da equipe de redatores e roubava as cenas na pele de um cearense ao mesmo tempo simplório e malandro, excêntrico e desastrado, quase um encontro do vagabundo de Chaplin com Oscarito, dois de seus heróis. O tipo, que entraria para o imaginário do telespectador durante décadas era ninguém menos do que Didi Mocó Sonrisélpio Colesterol Novalgino Mufumbo, ou apenas Didi Mocó. - O personagem havia sido batizado quando Renato Aragão iniciou a carreira, na TV Ceará. Ele conta que sua única inspiração para o nome foi a sonoridade das sílabas repetidas que lhe soavam simples e engraçadas. Já o sobrenome surrealista surgiu tempos depois, durante um esquete apresentado ao vivo no programa A, e, i, o... Urca, na TV Tupi, no Rio de Janeiro. Na cena em questão, Renato Aragão fazia um retirante nordestino que era submetido a uma entrevista de emprego na cidade grande. Durante o esquete, o ator que fazia o papel de entrevistador resolveu perguntar, de improviso, qual era o sobrenome do personagem. Pego de surpresa, o comediante não teve outra alternativa a não ser inventar a coisa mais estapafúrdia que lhe veio à cabeça, brincando com nomes de remédios (Sonrisal e Novalgina), uma espécie de preá (o mocó), um arbusto muito comum no Ceará (o mufumbo) e até um lipídio (o colesterol)! A platéia veio abaixo e o nome pegou. Renato Aragão passou a ser Didi aos olhos do público mesmo fora do vídeo. - Da mesma forma, várias das expressões sem pé nem cabeça que Didi proferia espontâneamente em Adoráveis trapalhões se tornavam bordões instântaneos adotados prontamente pelo público no dia seguinte. Como o programa era ao vivo, muitos desses bordões eram inventados de improviso, no palco. Um dia, Ivon Cury deixara cair acidentalmente a peruca durante um esquete. Numa mistura de gozação e homenagem ao colega de cena, Didi repetiria anos a fio, pelas várias emissoras de TV por onde passaria, a exclamação “Pelas perucas de Ivon Cury!” toda vez em que quisesse demonstrar espanto diante de uma situação. Dedé - Não demorou para que outras emissoras enxergassem em Renato Aragão o responsável principal pelo sucesso de Adoráveis trapalhões e, em 1971, a TV Record o contratou para criar uma atração similar, batizada de Os insociáveis. Seu parceiro dessa vez era Manfried Santana, o Dedé, comediante carioca com quem ele já havia trabalhado em 1965 no programa Didi & Dedé, da TV Excelsior, e no filme Na onda do Iê Iê Iê, dirigido por Aurélio Teixeira. - Nascido em Niterói, filho de artistas de circo e criado no picadeiro, Dedé era ótimo nas cenas que exigiam feitos acrobáticos, bastante recorrentes nos esquetes do programa que incorporavam muitos elementos circenses e da comédia pastelão. Como personagem, ele personificava o amigo boa-pinta e autoconfiante, que se achava muito mais bonito e inteligente do que realmente era. Uma espécie de “galã ridículo”, como o próprio se denominava. Era o contraponto perfeito ao estilo falso ingênuo de Didi e o que os humoristas chamam de “escada”, aquele que prepara a piada para o colega de cena. Mussum - Os insociáveis teria uma hora de duração e Renato Aragão achava que apenas sua dupla com Dedé não teria fôlego para segurar um programa inteiro. Eles precisavam se tornar um trio. Assistindo a um quadro de um programa de Chico Anysio que contava com a participação do grupo Originais do Samba, o comediante havia ficado impressionado com um dos integrantes, um negro de cabeça raspada que tocava reco-reco e que ele definiu como sendo “alegria viva”. Foi assim que Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, foi convidado para se juntar ao grupo. - Mussum era o malandro do grupo. Um carioca nascido no morro da Mangueira, orgulhoso de ser negro e doido por cachaça, que chamava singelamente de “mé”. - Ainda nos tempos dos Originais do Samba, ele havia participado do programa de humor Bairro feliz, da TV Globo, em 1965. Na época, ainda servia ao Exército e tinha que se apresentar escondido para não ser reconhecido pelos superiores que não aprovavam sua carreira de comediante. Foi no Bairro feliz que ganhou de Grande Otelo o apelido de “mussum” – um peixe preto, sem escamas –, porque se apresentava sempre barbeado e com a cabeça raspada. - Em 1967, Mussum foi um dos alunos da Escolinha do professor Raimundo, na época exibida pela TV Tupi. Foi lá que criou, aconselhado pelo redator Roberto Silveira, o jeito de falar que se tornaria sua marca-registrada ao a pronunciar todas as palavras com a sílaba “is” no final, dizendo coisas como “Portuguesis” ou “Aritmetiquis”. Zacarias - Em 1973, os três humoristas foram contratados pela TV Tupi para estrear um programa com três horas de duração, que teria o mesmo nome com o qual passaram a se apresentar: Os Trapalhões. Programa novo, nova identidade. Renato Aragão decidiu que novamente era a hora de convocar um novo integrante. Convidou, então, um comediante da própria TV Tupi que interpretava um garçom meio caipira no humorístico Café sem concerto: o mineiro Mauro Gonçalves. Batizado de Zacarias em homenagem a um galo com quem Renato Aragão havia “contracenado” no passado, ele encarnava um personagem meigo e matuto, com uma voz infantilizada que fazia sucesso entre as crianças. - Zacarias era careca e usava uma peruca em cena. Uma das gracinhas favoritas dos outros Trapalhões era arrancá-la sem aviso durante o programa. - Formado a partir desse perfil – um nordestino que driblava as dificuldades com sagacidade, um galã de periferia, um malandro do morro e um mineiro matuto –, Os Trapalhões começaram a misturar no seu programa esquetes de humor, números musicais, entrevistas e tudo o mais que lhes dessem na cabeça. - Inicialmente, Os Trapalhões foi mal recebido pela crítica, que classificou seu humor como pueril e rasteiro, mas o programa fez um sucesso de público incontestável. Estréia na TV Globo - Em 1977, o Diretor de operações da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, convidou os Trapalhões para levar seu programa para a emissora. Renato Aragão conta que temia aceitar a proposta. Afinal, na Tupi, ele tinha toda a liberdade para ser irreverente o quanto quisesse. A Globo era conhecida pelo seu famoso padrão de qualidade, e o humorista não tinha certeza se os Trapalhões se encaixariam nele. Para não ter que recusar formalmente a proposta, ele chegou a fazer uma lista de exigências de três páginas na qual determinava quais seriam o diretor, redator e o horário do programa. Para sua surpresa, Boni aceitou sem questionamentos as exigências. Os Trapalhões mudaram, então, de emissora. - Depois de dois especiais exibidos dentro da faixa de programação Sexta super, às 21h, em janeiro e fevereiro, Os Trapalhões estreou em março de 1977, aos domingos, antes do Fantástico. - O programa apresentava uma sucessão de esquetes entremeados com números musicais, exibidos sem aparente conexão, exceto a presença dos próprios Trapalhões. Um quadro mais longo, cheio de ação e diálogos, podia ser seguido por uma sucessão de gags visuais curtas e um quadro fixo como o Trapaswat, uma paródia do seriado americano SWAT. - O diretor Augusto César Vannucci citava as chanchadas e a comédia pastelão como principais referências, mas não havia um formato pré-estabelecido. Segundo Renato Aragão, qualquer idéia podia virar um esquete a qualquer momento. Ele conta que, certa vez, a caminho do estúdio, ouviu no rádio a canção Teresinha, de Chico Buarque. Achou que a letra – a história de vários amores do ponto-de-vista de uma mulher – daria um quadro para Os Trapalhões. Ao chegar ao Teatro Fênix, onde era gravado o programa, escreveu ele próprio o esquete e, no mesmo dia, gravou uma espécie de videoclipe satírico no qual o quarteto interpretava os personagens da música. - Foi a primeira de uma série de paródias de musicais que marcaram o humorístico. Os Trapalhões também costumavam participar dos números dos cantores convidados. Quando Ney Matogrosso foi ao programa, Didi estava trajando figurinos e maquiagem idênticos aos dele, por exemplo. Situação parecida aconteceu em outras ocasiões com outros artistas, como Elba Ramalho e Tony Tornado. o progama ganhou 2 novos quadros:Torneio Luvas de Ouro- que tinha como competidores a lutar:Didi e Dedé, e os seus treinadores eram:Ted Boy Marino,Mussum e Zacarias. Outro quadro que obteve sucesso, foi:Bar dos Trapalhões, onde o quarteto de garçom e Zacarias como patrão, se metia nas maiores encrencas. 15 anos dos Trapalhões - Em 1981, Os Trapalhões reestreou sob a direção de Adriano Stuart, que fazia parte da equipe de criação do programa desde o início. O humor direto, muito visual, cheio de improvisos e com forte apelo ao público infanto-juvenil permanecia inalterado. - Além da liderança em audiência, o quarteto, ainda mais famoso depois de ter feito grande sucesso com seus filmes no Festival de Berlim, tinha também agora o respeito dos críticos e intelectuais. - Foi nesse contexto de ampla aceitação que o grupo comemorou 15 anos de existência, com o especial Os Trapalhões – 15 anos, exibido em julho de 1981, no primeiro domingo do mês, durante oito horas, com a participação de quase todo o elenco da TV Globo, jornalistas e músicos convidados. O especial também serviu para divulgar a campanha em favor dos portadores de deficiência visual, promovendo a doação de córneas e de bolsas de emprego em todo o país. Platéia - Os Trapalhões passou a contar com uma platéia presente às gravações no Teatro Fênix, a partir de 1982, quando o programa era dirigido por Oswaldo Loureiro. Os esquetes eram encenados como se fosse um programa ao vivo, com o mínimo de pausa para a mudança de cenários e figurinos. - As constantes improvisações do grupo se tornaram ainda mais freqüentes diante de um público que parecia adorar o espírito anárquico dos comediantes. Mais tarde, os “cacos” que resultavam em erros e forçavam a equipe a ter que refazer as cenas – em boa parte das vezes porque o elenco se perdia em gargalhadas descontroladas – passaram a ser exibidos em edições especiais do programa no final do ano, tamanho sucesso faziam aos olhos da platéia. - Em 1983, o programa passou a ser dirigido por Gracindo Júnior e redigido por Carlos Alberto da Nóbrega. Gracindo Jr. imprimiu um formato diferente a cada semana, sem fugir do humor característico dos Trapalhões. Assim, em um domingo o programa podia adaptar comédias teatrais; em outro, se transformar num show circense e, no seguinte, apresentar os tradicionais esquetes isolados. Férias conjugais - O programa passou por um período delicado quando os Trapalhões decidiram se separar. Dedé, Mussum e Zacarias romperam com a Renato Aragão Produções, empresa que cuidava dos negócios do grupo, formaram sua própria empresa e optaram por seguir sozinhos na carreira cinematográfica e deixar o programa. A separação durou cerca de seis meses, período em que Renato Aragão estrelou sozinho o programa. No final de 1983, por iniciativa própria, os humoristas decidiram voltar com o quarteto. - Depois do período de afastamento, que Renato Aragão passou a chamar de “férias conjugais”, os Trapalhões voltaram em grande estilo em março de 1984, num programa que contou com a participação de Chico Anysio. Em um cenário todo branco, exceto por alguns esparsos elementos de cena – uma árvore e alguns soldadinhos de chumbo, vivamente coloridos –, o comediante contou a história dos Trapalhões para uma pequena platéia formada por Simony, a apresentadora da Turma do Balão Mágico; Isabela Bicalho, a Narizinho do Sítio do picapau amarelo; e Gabriela Bicalho, atriz mirim do elenco da novela Champagne. Ilustrando a fala de Chico Anysio, imagens de arquivo relembraram o início da carreira do grupo, seus sucessos no cinema e momentos marcantes na televisão. Em seguida, Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias entraram em cena, trajando smokings e, emocionados, se reapresentaram para o seu público. Os Trapalhões nas ruas - Em 1984, Os Trapalhões passou a ser dirigido por Paulo Araújo. Na equipe de redação estavam, além do próprio Renato Aragão, Carlos Alberto de Nóbrega, Emanuel Rodrigues, Expedito Faggioni, Arnaud Rodrigues, Humberto Ribeiro, Mário Alimari, Nelson Batinga e Bráulio Tavares. O número de quadros do programa aumentou consideravelmente – agora eram cerca de 20 por semana – assim como as cenas externas. Um dos quadros, Jabgnum – sátira ao seriado policial Magnum, exibido pela TV Globo – tinha várias sequências em que Didi corria pelas ruas do Rio de Janeiro envergando camisa havaiana e bigode iguais aos de Tom Selleck, astro do seriado. - Em 1985, Didi, Dedé, Mussum e Zacarias foram gravar nos Estados Unidos uma série de 14 episódios que foi exibida a partir de abril, no bloco final do programa. A série mostrava os Trapalhões envolvidos em confusões e perseguições pelas ruas de Los Angeles. Novas mudanças - Os Trapalhões passou por uma reformulação em março de 1986, quando Walter Lacet assumiu a direção do programa. A principal novidade foi a criação de quadros dirigidos especificamente para crianças. Embora fosse um humorístico bastante abrangente, o programa sempre teve grande apelo junto ao público infantil, com uso freqüente de efeitos especiais. Renato Aragão classifica seu humor como primordialmente simples e de fácil assimilação. Outra mudança foi a diminuição do número de esquetes independentes em favor de quadros que reuniam Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Atores do elenco da TV Globo que, em geral não costumavam aparecer em humorísticos, foram convidados especiais do programa. Em agosto, Carlos Manga assumiu a direção. O número de gravações externas aumentou e os esquetes, agora mais curtos e rápidos, passaram a ser interligados. Dedé Santana passou a ser também co-diretor. - A equipe de redação nessa época contava com Geraldo Alves, Gugu Olimecha, Expedito Faggioni, Humberto Ribeiro, Emanoel Rodrigues, Renato Aragão e Celso Magno, o baiaco, que era também o dublê de Renato Aragão nas cenas perigosas. Carlos Alberto da Nóbrega e Roberto Silveira assinavam a redação final. 20 anos dos Trapalhões - No dia 28 de dezembro de 1986, os Trapalhões comemoraram 20 anos de carreira com um programa especial dedicado à Campanha do Menor Carente, que marcava o início de uma série de campanhas que levaria ao ar pela TV Globo no decorrer do ano seguinte. Transmitido ao vivo do Teatro Fênix, 20 Anos Trapalhões – Criança Esperança foi ao ar às 11 da manhã e se estendeu por nove horas. Em cada um dos seus 28 blocos, fazia-se um balanço das doações da campanha e eram exibidas vinhetas sobre os direitos das crianças, entrevistas com convidados e documentários sobre experiências de apoio e recuperação de menores de rua. A partir de então, a TV Globo passou a exibir anualmente o especial Criança esperança. - Maurício Tavares assumiu a direção de Os Trapalhões em 1987, inaugurando um período rico em humorísticos-musicais, com a participação de cantores convidados. - Em 1988, a base do programa, agora sob a direção geral de Wilton Franco, passou a ser o espetáculo ao vivo, transmitido do Teatro Fênix, com ampla participação do auditório. Em estúdio eram gravados apenas os quadros que necessitavam de efeitos especiais. O público infantil passou a receber mais atenção e foram criadas mais atrações voltadas especificamente para crianças. Os redatores do programa nesse ano eram Emanoel Rodrigues, Gilberto Fernandes, Gilberto Garcai, Humberto Ribeiro, Lipe, Mauro Wilson, Paulo de Andrade e Sérgio Valezim. A redação final era de Wilton Franco e Renato Aragão. nesse ano o novo quadro fixo:Quartel Trapalhão, foi criado e tornou-se sucesso. os saldados era o quarteto,além de atores que participava e provocava, o careca,obeso e calvo-Sgt Pincel, interpretado por:Roberto Guilherme Morte de Zacarias - No dia 18 de março de 1990, Zacarias morreu, vítima de embolia pulmonar. Segundo Renato Aragão, o impacto da morte do companheiro por pouco não representou o fim do grupo. Ele conta que, uma vez decidido que eles continuariam a trabalhar como forma de homenagear a memória de Zacarias, a estrutura de Os Trapalhões precisou ser reinventada de forma a suprir a ausência do amigo. - De fato, o programa que foi ao ar naquele ano, com direção de Wilton Franco e supervisão de criação de Chico Anysio, trouxe mudanças significativas.O humorístico passou a ser dividido em duas partes. A primeira apresentava shows musicais e esquetes de humor em que Didi, Dedé e Mussum contracenavam com vários comediantes convidados, como Jorge Lafond e Tião Macalé. - A segunda parte trazia sempre uma aventura passada no Trapa Hotel. Um estabelecimento meio decadente que tenta a todo custo se manter apesar das confusões do gerente Didi; do secretário de esportes e lazer Dedé e do segurança Mussum. Criado pela cenógrafa Leila Moreira, o cenário do Trapa Hotel – construído no Teatro Fênix – tinha dois andares, elevador panorâmico e porta de entrada giratória. - O Trapa Hotel continuou a ser exibido em 1991, mas a primeira parte do programa sofreu mudanças. O palco do Teatro Fênix se transformou em um bairro típico de uma grande metrópole, com prédios altos, letreiros em néon, becos escuros, carros passando e muita fumaça. Nesse cenário, cantores convidados se apresentavam e novos quadros fixos – como a Oficina dos picaretas e O filho do computador – e eram encenados esquetes com alguns personagens que haviam aparecido no ano anterior, como o anão Ananias, feito por Renato Aragão. A redação final do programa ficava a cargo de Renato Aragão e do diretor Wilton Franco. Chico Anysio continuava supervisor de criação. 25 anos dos Trapalhões - Em julho, para celebrar os 25 anos dos Trapalhões, a TV Globo apresentou uma programação especial, com 25 horas de duração, durante a qual foram lançadas campanhas de conscientização sobre os direitos da criança, com arrecadação de donativos para as obras do Unicef. As comemorações tiveram início no sábado, dia 27, a partir de uma matéria do Jornal Nacional, seguida de flashes ao vivo do Teatro Fênix. - No dia 28, a programação teve início às 7 horas com a missa celebrada ao vivo pelo cardeal D. Eugênio Salles e terminou no fim da noite, no Teatro Fênix, com a despedida e o agradecimento dos Trapalhões ao público. Os Trapalhões – 25 Anos teve direção geral de Aloysio Legey e Walter Lacet e direção de Maurício Sherman e Wilton Franco. Vila vintém e Agência Trapatudo - Em 1992, Os Trapalhões estreou o quadro Vila vintém, que trazia sempre histórias completas ambientadas num bairro do subúrbio. O primeiro episódio, A garota, era uma homenagem aos filmes de Charles Chaplin escrita por Mauro Wilson e Paulo de Andrade. Renato Aragão fazia o papel de Bonga, um vagabundo de rua que acolhia a menina Tininha (Alessandra Aguiar), fugitiva do orfanato. Dedé era o dono de uma oficina no bairro e Mussum, o mordomo de uma casa rica. - Outro quadro desse período foi Agência Trapatudo, uma agência de talentos dirigida pelos Trapalhões, com a participação de artistas convidados que davam entrevistas e faziam shows. No encerramento do programa, os Trapalhões entregavam o prêmio Irmã Dulce a pessoas que se dedicavam a obras de atendimento a crianças carentes. Inovações - Com a missão de renovar a linguagem de Os Trapalhões, José Lavigne assumiu a direção em 1993 e promoveu modificações radicais no programa. A platéia foi abolida e os esquetes deixaram de ser pontuados pelas risadas da claque. A primeira parte do programa trazia esquetes variados em que Didi, Dedé e Mussum contracenavam com o elenco do ano anterior. Alguns desses esquetes eram fixos, como Os piratas, em que os Trapalhões, caracterizados como os próprios piratas, apareciam nas situações mais inusitadas. A locução que anunciava o nome do quadro – “Os piratas!”, em tom ameaçador – acabou se tornando num bordão que Didi repetia em outros quadros sem motivo aparente. - A segunda parte do programa, em 1993 era dedicada à comédia Nos cafundós do brejo, escrita pelos humoristas do Casseta & Planeta e pelo dramaturgo Carlos Lombardi. Com uma linguagem entre o sitcom e as histórias em quadrinhos, o quadro mostrava o cotidiano de Zé do Brejo, personagem de Renato Aragão, e sua vida numa fazenda caindo aos pedaços. No elenco também estavam Alessandra Aguiar, Sérgio Mamberti, Chico Diaz, Letícia Spiller e Roberto Bomtempo. Morte de Mussum - Em 29 de julho de 1994, quando Mussum morreu, em decorrência de problemas no coração, Renato Aragão conta que achou que sua carreira havia chegado ao fim. Depois de prosseguir durante um tempo, o humorista decidiu parar de gravar o programa. nesse ano, no mês de , o programa deixou de gravar quadros,para exibir apenas reprises. aquela altura, mais de 100.000.000 "milhões" de quadros, havia sido gravado. as reprises continuou até a reestréia do programa em 1995. diversos quadros esquetes e longos, continham vinhetas animadas com os rostos de: Didi, Dedé e Mussum. em principal as reprises. - Versões compactas de 25 minutos com os melhores momentos de Os Trapalhões desde a estréia em 1977 passaram a ser exibidos de segunda à sexta, às 17h. A direção era de Fernando Gueiros, com supervisão geral de Maurício Sherman. - Os Trapalhões só voltou ao ar em 1995, exibido nas tardes de domingo e dirigido por Paulo Aragão Neto, filho de Renato Aragão. Nessa fase, as reprises dos melhores momentos continuaram a ser apresentadas no programa. - Em um cenário idealizado por Leila Moreira – um palco fixo de 360°, cercado pela platéia e com um fundo composto por um telão com nove telas planas e mais 25 monitores, que faziam uma moldura em torno das telas –, Didi e Dedé organizavam brincadeiras com a platéia e recebiam artistas convidados, com quem comentavam os esquetes e relembravam suas participações no programa. - A função de recepcionar os convidados também cabia às Didicas, duas assistentes de palco vividas por Terezinha Elisa e Roberto Guilherme. As Didicas também participavam das gags com os Trapalhões e apresentavam coreografias entre um quadro e outro. O figurino da dupla era temático, idealizado por Lulu Areal de acordo com os convidados do programa. Já Renato Aragão e Dedé Santana trajavam um figurino sóbrio, diferente de todos os que já usaram no programa. No encerramento, manteve-se a tradição de se mencionar as campanhas do Unicef em prol das crianças carentes. - Em julho, o programa estreou o quadro Plantão Trapalhão, no qual Alessandra Aguiar apresentava entrevistas curtas feitas com personalidades, transmitidas através do telão, e contracenava com Renato Aragão no palco. Em agosto, o programa ainda apresentou novas mudanças: Didi e Dedé estrelavam versões bem-humoradas de clássicos infantis e esquetes com a participação de humoristas como Tom Cavalcante e Eliezer Motta, entre outros. Mas nesse mesmo mês, Os Trapalhões deixou de ser transmitido. - Ao longo de todos esses anos, fizeram parte do elenco de Os Trapalhões, entre muitos outros: Álvaro Aguiar, Andréa Faria, Angelito Mello, Augusto Olímpio, Aurimar Rocha, Bia Seidl, Carlos Eduardo Dolabella, Carlos Kurt, Carlos Leite, Catalano, Catita Soares, Cláudio Lisboa, Colé, Conrado, Darcy de Souza, Dary Reis, Dayse Benvolff, Denny Perrier, Dilma Lóes, Dino Santana, Duda Little, Eduardo Conde, Eliana Ovalle, Érica Nunes, Esmeralda Barros, Felipe Levy, Fernando Multedo, Fernando Reski, Glória Costa, Gilliane, Humberto Freddy, Iran Lima, Isaac Bardavid, Jandir Motta, Jece Valadão, Jorge Cherques, Jorge Lafond, Lady Francisco, Lúcio Mauro, Luiz Armando Queiróz, Manoel Vieira Marcelo Barauna, Mariette, Marilu Bueno, Marli Mendes, Marta Bianchi, Marta Pietro, Maurício do Valle, Monique Evans, Nelson Caruso, Olney Cazarré, Osmar Prado, Paulo Figueiredo, Paulo Nolasco, Paulo Rodrigues, Pepita Rodrigues, Roberto Guilherme, Roberto Lee, Rossane Campos, Sandoval Motta, Sandra Barsotti, Selma Lopes, Silvia Massari, Silvino Neto, Sônia Maria, Ted Boy Marino, Terezinha Elisa, Tião Macalé, Waldemar Rocha, Walter Stuart e Wanderley Cardoso. Produção - A abertura original de Os Trapalhões foi concebida por Hans Donner em 1977. Era um desenho animado que mostrava Didi, Dedé, Mussum e Zacarias numa seqüência de situações absurdas. Entre outras aventuras, os quatro escapavam de ser atropelados por uma locomotiva, fugiam da perseguição de um tubarão, atravessavam o sertão vestidos como cangaceiros e subiam à bordo de um navio pirata no qual Didi aparecia como capitão, usando uma perna-de-pau. Tudo isso ao som do tema instrumental que acompanharia o grupo ao longo dos anos, composto pelo diretor musical do programa José Menezes França. - O programa ganhou nova abertura de Hans Donner em 1987. Dessa vez, os quatro comediantes gravaram todas as cenas em película, como se estivessem contracenando com outros atores. Depois, suas imagens foram coloridas por computador e foram inseridos desenhos animados. Como na primeira abertura, os Trapalhões eram mostrados em diversas situações cômicas, mas, dessa vez, os traços realistas ressaltavam o absurdo das gags: Dedé era um frentista de posto de gasolina que, distraído com a passagem de uma mulher de biquini, quase afogava um cliente com combustível; Mussum era um pescador que secava um rio quando acidentalmente arrancava a tampa de um ralo imaginário gigante; Zacarias era um caçador embrenhado na mata que levava um ovo na cara quando tentava atirar num passarinho; e Didi, um presidiário que fazia embaixadas com a bola de ferro presa ao seu tornozelo, dava um belo chute de bicicleta e era catapultado para fora dos muros da prisão. Renato Aragão lembra que teve que repetir a cena da bicicleta diversas vezes, sem dublê, até que o diretor se desse por satisfeito com o resultado. Para começar, pela primeira vez, desde a estréia, os humoristas não apareciam na vinheta de abertura. Dessa vez, uma animação mostrava as letras da logomarca do programa executando um balé no vídeo até que, por fim, se uniam para formar as palavras “Os Trapalhões”. em 1992 eles três voltaram com uma nova abertura:Mussum-o guarda de trânsito atrapalhado,Dedé um tocador de flauta ilusionista e Didi um domador de elefante. Em 1993, uma última abertura foi criada por:Hans Donner, dessa vez, os três protagoniva-se como marionetes manipulado pelos própios. Em 31 de Julho de 1994, com a morte de Mussum, foi entitulado como "os melhores momentos de todos os tempos"... a abertura ficou similar com a anterior, e contava com diversas montagens de todas as aberturas. Curiosidades - Os Trapalhões trouxeram para a TV Globo sua marca-registrada: o hábito de improvisar em cena e inserir cacos no texto com o único objetivo de fazer o público rir, sem a preocupação de respeitar normas cênicas convencionais. Assim, era comum que Didi levantasse a grama cenográfica para esconder uma chave, chutasse rochedos feitos de isopor para o alto, atravessasse paredes falsas ou denunciasse a ironia de estar fingindo se afogar em um mar feito de celofane. Também era freqüente que os colegas de cena explodissem em gargalhadas no meio das falas e, em seguida, voltassem normalmente ao script. - Para Renato Aragão, a improvisação foi um recurso tão vital para o humor do programa quanto o texto. Ele conta que, no início, chegou a ser advertido por meio de memorandos de que seus cacos ameaçavam “desmistificar a televisão”. Boni, no entanto, tratou de dar aos comediantes carta branca para que fizessem o que bem entendessem. - Renato Aragão criava bordões com extrema facilidade usando expressões já existentes ou simplesmente inventando coisas como “audácia da pilombeta!”. Vários bordões de Didi foram incorporados pelo público e expressões como “é fria!” (encrenca); “bufunfa” (dinheiro), “poupança” (traseiro), “tesouro” ou “bicho bom” (mulher bonita) se tornaram gírias que são repetidas desde então. Didi também se comunicava diretamente com o telespectador do programa chamando-o de “da poltrona” ou simplesmente de “psit”. - Renato Aragão criou ainda gestos que se pode chamar, com alguma liberdade poética, de “bordões visuais”, como o de passar a mão sobre a boca e depois estalar os dedos no ar, como quem recolhe um beijo e o sapeca no espaço. Um gesto positivo, de confiança dirigido à câmera e, portanto, ao telespectador, que sintetizava o que outro dos bordões de Didi dizia em três palavras: “aguarde e confie”. - Mussum também eternizou outro bordão famoso de Os Trapalhões. Ele usava a palavra inglesa “forever” – que significa “para sempre” em português – para designar várias coisas, em especial o traseiro. Pronunciada à sua maneira peculiar, a palavra se tornava “forévis”. - Depois do fim de Os Trapalhões, Renato Aragão voltou à televisão em 1997 como protagonista da série infantil Renato Aragão especial, no qual Didi protagonizava histórias inspiradas em clássicos da literatura mundial. No ano seguinte, o humorista passaria a estrelar A turma do Didi. - Os Trapalhões foi reprisado diversas vezes na programação da TV Globo como, por exemplo, substituindo a novelinha Caça talentos exibida dentro do programa Angel mix da apresentadora Angélica, em 1999. - O programa foi vendido para países como Angola, Canadá, Estados Unidos e Portugal, sendo que, neste último, foi apresentado, em 1995, pela emissora local Sociedade Independente de Comunicação (SIC), uma versão portuguesa de Os Trapalhões encenada por Renato Aragão, Dedé Santana e Roberto Guilherme, além de um elenco de atores portugueses. |
O quarteto mais querido do Brasil.
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