
ESCOLINHA DO PROFESSOR RAIMUNDO |
Texto final: Eduardo Sidney Direção: Cininha de Paula, Cassiano Filho, Paulo Ghelli Período de exibição: 04/08/1990-28/05/1995; 26/03/2001-28/12/2001 Horário: aos sábados, 22h30; de segunda a sexta, 17h |
- A Escolinha do Professor Raimundo foi um quadro comandado por Chico Anysio em diversos programas humorísticos, que, durante 38 anos, reuniu alguns dos maiores nomes do gênero no Brasil. Em agosto de 1990, estreou como um programa independente. Inicialmente, exibido nas noites de sábado. Logo depois, passou a ser transmitido também de segunda a sexta. Em seu novo formato, a Escolinha continuou abrindo espaço a vários talentos da velha guarda e revenlando jovens promessas do humor brasileiro. - A Escolinha do Professor Raimundo foi criada em 1952, pelo radialista e humorista Haroldo Barbosa, que, na época, escrevia para a Rádio Mayrink Veiga. Chico Anysio interpretava Raimundo Nonato, o severo professor que sabatinava três alunos: um sabichão (Afrânio Rodrigues), um burraldo (João Fernandes) e um espertalhão (Zé Trindade). Tempos depois, os três ganharam a companhia de um mineirinho desconfiado (Antônio Carlos). - Sucesso absoluto no rádio, a Escolinha chegou à televisão em 1957, como um quadro do programa Noites cariocas, da TV Rio. O formato era o mesmo, só que, dessa vez, João Loredo fazia o aluno sabe-tudo; Castrinho, o que não sabia nada; Vagareza, o que tentava ludibriar o professor para trás; e Ary Leite, um aluno gago e confuso. Os três últimos, ainda em começo de carreira. - Na TV Globo, a Escolinha do Professor Raimundo foi apresentada dentro dos programas Chico city (1973), no formato original da sabatina com três alunos por vez, e Chico Anysio show (1982), com uma sala de aula maior e mais de 20 alunos. - A idéia de transformar a Escolinha em um programa autônomo foi do próprio Chico Anysio. No entanto, segundo o humorista, a iniciativa encontrou certa resistência por parte do então vice-presidente de Operações da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Chico Anysio conta que, escorado na enorme confiança que Boni sempre depositara nele, aproveitou as férias de 40 dias do chefe para gravar seis programas e levá-los ao ar sem seu conhecimento. Quando Boni retornou, a Escolinha do Professor Raimundo já era um sucesso. O executivo passou a ser, então, um entusiasta do programa, ao ponto de decidir, meses depois, que a atração deveria ser levada ao ar diariamente. - Na nova versão da Escolinha do Professor Raimundo, as aulas foram divididas em dois tempos, e o professor Raimundo passou a ter um gabinete, onde recebia os pais e responsáveis pelos alunos, um segmento que sempre contava com a participação de atores convidados. Trabalhavam na Escolinha o Diretor (Luiz Delfino), a coordenadora Dona Escolástica (Lupe Gigliotti), o Inspetor Atanagildo (Milton Carneiro) e a Secretária (Regina Chaves). - A sala de aula reunia os seguintes alunos: Joselino Barbacena (Antônio Carlos), Bicalho (Antônio Pedro), Sandoval Quaresma (Brandão Filho), Geraldo (Castrinho), Dona Cacilda (Claudia Jimenez), Seu Eustáquio (Grande Otelo), Suppapau Uaçu (Jayme Filho), Aldemar Vigário (Lúcio Mauro), Boneco (Lug de Paula), Samuel Blaustein (Marcos Plonka), Bertoldo Brecha (Mário Tupinambá), Ptolomeu (Nizo Neto), Bacorinho (Olney Cazarré), Seu Peru (Orlando Drummond), Rolando Lero (Rogério Cardoso), Mallandro (Sérgio Mallandro), Dona Cândida (Stela Freitas), Marina da Glória (Tássia Camargo), Baltazar da Rocha (Walter D’Ávila), Dona Bela (Zezé Macedo), Salim Muchiba (João Elias), João Canabrava (Tom Cavalcante), Dona Catifunda (Zilda Cardoso) e Capilé (Tim Rescala). - Em setembro de 1990, com um mês no ar, a Escolinha ganhou três novos personagens: Galeão Cumbica (Roni Cócegas), um maluco obcecado por aviação e aeroportos; Célia Caridosa de Melo (Nádia Maria), uma estudante apaixonada por economia; e Amparito Pêra (Nélia Paula), uma aluna fanha. - A partir do dia 29 de outubro de 1990, a Escolinha do Professor Raimundo passou a ser exibida também de segunda a sexta-feira, às 17h30. Novos alunos entraram para a turma: Nerso da Capitinga (Pedro Bismark), um caipira ao mesmo tempo ingênuo e cheio de manhas, que fez enorme sucesso junto ao público com o sotaque caipira e o bordão “eu não sou bobo não, fio”; a cangaçeira Maria Bonita, novo personagem de Nádia Maria; e Armando Volta (David Pinheiro), um enrolador nato, que sempre se dava bem porque comprava um presentinho para o professor Raimundo, a quem chamava “somebodylove”. Armando Volta cresceu no programa e se tornou sério candidato ao posto de personagem humorístico com o bordão mais extenso da história: “Eis-me aqui, digníssimo, e pode perguntar, porque comigo pau é pau, pedra é pedra. Se sei, digo que sei; se não sei, digo que não sei e pronto! É papo dez e tapas leves, e dá-lhe que é barbada. E pronto!”. - Em março de 1991, a Escolinha – agora sob a direção de Cininha de Paula, Cassiano Filho e Paulo Ghelli – voltou das férias com mais quatro novos alunos. Dois deles eram personagens antológicos da TV brasileira: o inacreditável Zé Bonitinho (Jorge Lorêdo), um esquisitão com roupas e adereços kitsch que, mesmo assim, conquistava todas as mulheres; e Sócrates Homem de Mello (Orival Pessini), o macaco filósofo superinteligente que apresentava o antigo Planeta dos homens (1976). - Os outros dois tipos eram Milha (Paulette) e Vanilha (Dudu Moraes), dupla de malandros que respondiam às perguntas do professor Raimundo dançando e cantando. O número era uma paródia do duo pop alemão Milli & Vanilli, famosos por terem recebido um Grammy de melhor artista estreante, em 1990; prêmio revogado mais tarde, quando se descobriu que a dupla havia sido dublada no próprio disco. - Um dos charmes da Escolinha era o clima informal do programa. Os atores recebiam apenas seus próprios textos e, assim como os telespectadores, nunca sabiam as falas dos companheiros, surpreendendo-se com as piadas e brincadeiras. Assim, havia muito improviso. Como Chico Anysio era o único que sabia as falas de todos, era também um dos que mais brincava em cena, mudando perguntas em cima da hora – o que deixava os atores desconcertados – inserindo vários cacos no texto e, às vezes, até expulsando um dos alunos da sala, só de farra. Rolando Lero era uma das suas vítimas favoritas. - A partir de outubro de 1991, João Canabrava (Tom Cavalcante), Salim Muchiba (João Elias), Dona Catifunda (Zilda Cardoso) e Capilé (Tim Rescala), que só participavam do programa na edição de sábado à noite, passaram a freqüentar as aulas do professor Raimundo também durante a semana. - A Escolinha do Professor Raimundo passou por novas mudanças em janeiro de 1992. A edição de sábado, de maior duração, passou a ser exibida às quartas-feiras, depois da novela das 20h, e novos personagens estrearam no humorístico: a sexy Dona Flor (Aldine Muller), o malandro cheio de ginga Bebeto (Eri Johnson) e a especialista em sexo Marcia Suplício (Nádia Maria), uma brincadeira com a sexóloga Marta Suplicy. O programa passou a ser gravado nos estúdios da Renato Aragão Produções, no Rio de Janeiro. - Em fevereiro de 1992, estrearam mais três personagens: a bela Dona Capitu (Cláudia Mauro), uma das alunas preferidas do professor Raimundo; o metalúrgico Nelson Piquete (Antônio Pedro) e Bill Bebes (Geraldo Alves), sátira ao repórter policial Gil Gomes. - No mês seguinte, o programa ganhou novos novos cenários: a sala de música, a academia de ginástica e a cantina. Na sala de música, os alunos formavam um coral, com Capilé, ao piano, monitorando as aulas. Mais três personagens estrearam nessa época: a cantora de fados Gardênia Alves (Fafi Siqueira), o desajeitado Batista (Eliezer Motta), personagem egresso do Viva o Gordo; e Pretória (Marilu Bueno). - Em abril de 1992, a Escolinha do Professor Raimundo voltou a ter uma edição nas noites de sábado. Outros personagens passaram a fazer parte do programa, como Brasilino (Bemvindo Sequeira) e Dona Cora (Nélia Paula). No quadro Invente, tente, que estreou em junho daquele ano, os alunos eram incentivados por Dona Escolástica a dar vazão à criatividade, cantando, dançando ou fazendo imitações. - A Escolinha do Professor Raimundo de número 500 foi ao ar no dia 11 de junho de 1992. Àquela altura, o programa tinha 37 personagens na sala de aula e mais 11 que se movimentavam em outros ambientes da escola. Além dos tipos já mencionados, a Escolinha contava ainda com: Francisco Milani (Pedro Pedreira), Manuela D’Além Mar (Berta Loran), Mazarito (Costinha), Eugênio (César Macedo), Gaudêncio (Ivon Curi), Mandala (Marina Miranda), Paulo Cintura (Paulo Cintura), filho de D. Corleone (Alexandre Marques), Natanael (Arthur Costa Filho), Manuel (Fernando Wellington), dono da cantina, Das Dores (Liane Maia), esposa do dono da Cantina, Malandrão (Nick Nicola), Fofoqueira (Sandra Pêra), Professora Amália (Sheila Mattos) e a dupla Vira e Mexe (Mauri de Castro e Jorge Cosmo). - Agora gravada no Teatro Fênix no Rio de Janeiro, a Escolinha do Professor Raimundo reestreou em abril de 1993 com várias novidades. Chegaram à sala de aula o gago Ruy Barbosa (José Vasconcelos), a repórter Maninha Marrom (Grace Gianoukas), Dona Santinha (Nádia Maria), Escova (Carlos Roberto Escova) e Flora Própolis (Márcia Brito). - No programa da tarde, dois quadros novos – Rádio PR-Raimundo e o Jornal da Escolinha – reuniam vários alunos em cenários criados por Tadeu Catarino. A sala das aulas noturnas aumentou e ganhou cores bege, ocre e castanho, que tornavam o ambiente mais leve. As janelas ficaram maiores, e um painel fotográfico, ao fundo, reproduzia a vista da rua. De acordo com a vontade do professor Raimundo, o quadro-negro agora podia deslizar para o alto e revelar um mapa-mundi. O esqueleto, que tradicionalmente ficava ao lado da mesa do professor, ganhou movimentos: ele podia rir das piadas e irradiar luz pelas cavidades dos olhos. Os figurinos dos personagens ganharam cores mais claras, e o professor Raimundo passou a alternar dois jalecos: um azul-claro, para as aulas da tarde, e um azul-marinho, para as aulas à noite. - De janeiro a março de 1994, o programa foi reprisado todos os dias. Em abril, novos personagens foram apresentados: Maria Menina (Dudu de Morais), Tereza Mercantil (Totia Meirelles), Fátima Ferrari (Débora Fontes), Zé Modesto (João Neto) e Dirceu Borboleta (Emiliano Queiroz), o secretário neurótico e cheio de maneirismos da novela O bem-amado (1973), de Dias Gomes. Além deles, Nerso da Capitinga voltava ao programa, depois de um ano de afastamento de Pedro Bismarck. - Pequenas experiências mantinham o programa sempre com um toque de novidade. Em agosto de 1994, a cada aula, um ator mirim substituía um dos atores principais fazendo uma versão infantil de seu personagem. Assim, enquanto João Canabrava matava as aulas no botequim, Joãozinho Groselha Pura (Theo Machado) assistia às aulas em seu lugar. Da mesma forma, Armandinho Atalho (Rafael Monteiro) ficou no lugar de Armando Volta; Baltazarzinho (João Ricardo Loven), no de Baltazar da Rocha; e Dumont Congonhas (Luís Eduardo Gonçalves), no de Galeão Cumbica. - Em janeiro de 1995, a Escolinha deixou novamente as noites de sábado para ser exibida às quartas-feiras, enquanto reprises passaram a ocupar o horário da tarde. O programa voltou ao seu horário normal em fevereiro, com personagens novos, como Waldemar Motta (Colé) e Pedro Vaz Caminha (Luiz Carlos Tourinho). Depois de um período sendo exibido nas tardes de domingo, porém, o programa acabou saindo do ar em maio daquele ano. - A Escolinha do Professor Raimundo voltou a ser exibida, no seu formato original, em 1999, como um dos quadros do humorístico Zorra total (1999), no qual permaneceu até outubro de 2000. Houve, ainda, uma última temporada da Escolinha no formato de programa com 25 minutos de duração, entre março e dezembro de 2001, de segunda a sexta-feira, às 17h. A direção era de Paulo Ghelli, e a redação final, de Eduardo Sidney. |
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